segunda-feira, 30 de março de 2015

Nightcrawler e o jornalismo criminal


            Em 18 de dezembro de 2014, Louis Bloom deu início a sua ascensão meteórica para o topo do jornalismo criminal de Los Angeles. Não era o que ele havia planejado, no entanto. Vagando de furto em furto, arrecadando o suficiente para uma sobrevivência discreta, procurava um emprego. Sem sucesso, é claro.

segunda-feira, 23 de março de 2015

Bill Hicks - It's just a ride


Conhecido como "Dark Poet", Bill Hicks foi o comediante que melhor usou sua liberdade de expressão. Falava verdades demais. Por isso foi, durante grande parte de sua carreira, ignorado e censurado. Se você nunca ouviu falar sobre ele, aí está o motivo.
Por trás dos palavrões e do gestual frenético, havia o inconformismo por viver num mundo tão decadente. Tentava, através das palavras, desamarrar as vendas de ódio e medo que bloqueavam a visão de seu público.

Aí está a sua chance de honrar a memória desse grande homem que sucumbiu ao câncer em 1994.


sexta-feira, 20 de março de 2015

Pós 15 de março: controle pelo ódio

No último domingo (15/03), alguns milhares de cidadãos foram às ruas do país exigir mudanças políticas. Houve quem pedisse o resgate da nação pelos militares. Houve quem discriminasse Paulo Freire pela barba. Quem exigisse o exílio da presidenta para sua suposta sentença de morte na Indonésia. Também houve quem pedisse reforma política. Quem demandasse transparência nas investigações do escândalo da Petrobras. Quem execrasse a corrupção infiltrada no governo. Evitando o tom genérico, houve diversas pautas misturadas num conglomerado considerável, porém menor do que a princípio divulgado, de insatisfeitos. Imagino que essa seja a palavra comum. Insatisfação.

terça-feira, 17 de março de 2015

Resenha - O sol também se levanta

Eu quero falar sobre O Sol Também Se Levanta, mas não há necessidade de repetir o que já foi dito, e por pessoas bem mais qualificadas, sobre a casca dessa história. Sobre como Hemingway conseguiu reproduzir um retrato crítico da “geração perdida” tão fiel que é quase possível sentir o cheiro do vinho. Sobre como a escassez de descrições dos personagens quase implora para que você foque sua atenção em suas personalidades. Sobre como a grandiosidade com que as touradas são tratadas quase consegue fazê-las parecer menos cruéis. E sobre como aquelas pessoas possuíam tempo livre. Tudo isso já foi dito. Eu quero testar algo diferente.

segunda-feira, 16 de março de 2015

Manifestações de 15 de março


É isso:

"Há uma dissonância de uma boa parte daqueles que foram às ruas nesse domingo e que podemos identificar nestes espaços pelos avatares que exibem apenas "Fora Dilma! E leve o PT junto!" e mensagens afins. Trata-se de uma direita raivosa, irracional, que responde a qualquer tentativa de argumentação com gritos e ofensas."    Pablo Villaça

Continuar lendo.

Há muita coerência nas opiniões de Pablo. Minha sugestão, amigo, é que o acrescente à lista de leitura. Nenhum de nós exige concordância. Apenas aconselhamos o desenvolvimento de uma humildade frente discursos que fogem às suas concepções.

quarta-feira, 4 de março de 2015

Sobre mentiras


É fácil perceber uma demanda compulsória de por quês na atualidade. O que hoje parece comum, na verdade remete a um processo antigo de quebra de correntes. A libertação da herança medieval de abominação à ciência, culminando na consolidação do cientificismo no final do último milênio, acompanhou uma lenta, mas clara, renovação cultural do homem. Renovação em todos os âmbitos. Na ciência, política, economia e, não menos importante, no entretenimento.
Nessa última esfera, a renovação atingiu seu ápice no século XIX com o firmamento de um novo gênero literário: a ficção científica. É claro que podemos observar suas raízes em autores anteriores a esse período como Edgar Allan Poe e Jules Verne. Mas a real afirmação do gênero só se deu com a publicação das inquestionáveis obras de Isaac Asimov, Arthur C. Clarke e Aldous Huxley.

terça-feira, 3 de março de 2015

Eu sei, mas não devia - Marina Colasanti



Eu sei, mas não devia - Marina Colasanti, 1972

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

segunda-feira, 2 de março de 2015

Não pense

   
 Desde que o homem se autoproclamou Senhor da Natureza, um muro irrevogável foi construído entre as duas partes. Bestial, voraz e selvagem, a natureza. Sensato, comedido e necessário, o homem. A História já nos informou na voz do historiador Reinhart Koselleck, que não há uma sequência única e absoluta para estágios culturais. Não há necessariamente ao longo do tempo uma conversão de “bárbaro” para “grego” ou “índio” para “civilizado”. Porém é inegável que na Modernidade não há mais comparação numérica lógica entre populações que se consideram parte da natureza e as que se colocam acima dela.
            Grandes homens da ciência como Richard Dawkins e Neil deGrasse Tyson, têm utilizado seu trabalho e renome para tentar convencer-nos o contrário. Mesmo assim, a história humana parece construir uma unanimidade de opinião quanto ao seu caráter superior. Descartes, no século XVIII, dizia que a linguagem é a materialização do nosso domínio. A irrefutável evidência da autocracia sobre o cosmo.